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Ponto G Vitale

Amores líquidos: Definitivamente amar está na moda!

amores liquidos rita rostirolla

amores liquidos rita rostirollaSei que muitos não irão concordar com minha colocação, afinal o mundo nunca foi tão auto-suficiente, com pessoas tão descoladas e independentes. Liberdade é o que mais temos hoje! Ninguém é de ninguém, vivemos um desapego. Alguns passam um tempo se relacionando com alguém, mas parece que manter uma relação consistente não é mais possível. Afinal, ninguém fica sozinho hoje. Esse mundo moderno é preparadíssimo para os solteiros, que cada vez tem mais lugares interessantes pra ir, recheados de pessoas bem vestidas, bonitas, viajadas e cultas que procuram diversão e companhia. Os amores até acontecem, mas são superficiais, descartáveis, líquidos! Podemos dizer com convicção que esse mundo de hoje não comporta o desenvolvimento de uma relação sincera, isso porque o que se faz hoje é cultivar as aparências e o individualismo, ou seja, não há espaço para amar.  Vivemos a era dos amores líquidos, como cita o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, caracterizado por vínculos frágeis, passageiros e sem envolvimento afetivo.

Como então o amor está na moda?

Mesmo vivendo em um mundo cada vez mais competitivo, numa busca desenfreada pelo sucesso econômico, pelo consumo compulsivo e pela ausência de verdadeiros ídolos na política, na religião, nos esportes ou na área artística, todos estão em busca do amor, de achar alguém para compartilhar sua existência. Virou obsessão o tal romantismo amoroso. Chega a ser um paradoxo, afinal vivemos uma realidade bem diferente. Corremos numa direção, mas o amor está em outra.

Já perceberam que desde cedo aprendemos a amar como Romeu e Julieta, e acreditamos que esse seja o caminho da felicidade. Porém, ao mesmo tempo não queremos abrir mão das comodidades do mundo moderno. Hoje vemos o sexo como algo banal, o corpo virou uma mercadoria. Parece que estamos num comércio que vende sensações imediatas. Afinal, como cultivar o romantismo?

Amar requer tempo e paciência, precisa ser trabalhado. Complicado idealizarmos um sentimento que contraria paixão pelo descartável! Precisamos reinventar o amor, já que o queremos tanto e o mundo está tão mudado para aceitá-lo. Ou, quem sabe nos entregamos e caímos de amor, literalmente! Essa “queda de amor” hoje talvez signifique que devamos tolerar esse “retrocesso”, como uma recaída a toda essa individualidade e nos aprofundarmos em um vínculo que vale a pena. Quem está à procura de um relacionamento consistente precisa rever seus hábitos e entender que quantidade não é qualidade.

Baladas e agitos tem seu valor, é muito bom se divertir e curtir, mas o amor é único, e geralmente se encontra em lugares improváveis e imprevistos.

Dicas de leitura: “Amores líquidos” de Zygmund Bauman e “Sem Fraude nem favor” de Jurandir Freire Costa.

Beijo bom
Rita Rostirolla