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Como efetuar uma educação inclusiva para crianças com TEA

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Hoje, 02/04, é o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo.

Dos diversos desafios que permeiam a Conscientização sobre o Autismo, no dia Mundial desta causa, entender a importância de uma educação inclusiva e não apenas integrativa é fundamental para o sucesso do desenvolvimento do aluno com TEA. Mas, como a escola, professores e pais podem garantir e acompanhar esse direto na fase da aprendizagem?

Por si só, a fase escolar já um novo desafio para todas as crianças. Para o autista esse desafio não é diferente, sendo potencializado por ser uma mudança muito drástica na rotina com novas professores, distância dos pais e do lar. Isso acarreta o anseio da criança com o espectro.

Dessa forma, para minimizar esses efeitos e potencializar o desenvolvimento do aluno, a educação inclusiva surgiu como uma prática educacional e um compromisso com a igualdade de oportunidades para todas as crianças. Isso incluí aquelas com autismo, neurotipias e neurodivergências, garantindo acessibilidade para todo conteúdo trabalhado em sala de aula.

Assim, ela visa acolher e nutrir o desenvolvimento intelectual de todos os alunos, independentemente de suas características individuais. É colocada em prática a partir de um apoio constante durante as aulas, através do material didático adaptado, ou de um professor de educação inclusiva. Isso, para que acompanhe a criança, além do docente da sala de aula. Esse acompanhamento é garantido por lei, e cuidadores de crianças com autismo podem exigir a educação inclusiva em qualquer escola.

Sobre o TEA para a educação inclusiva

O TEA é um distúrbio que possui como característica a alteração das funções do neurodesenvolvimento, interferindo na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento. Pode englobar alterações quantitativas e qualitativas, seja na interação social e de comportamento como ações repetitivas, hiper foco para objetos específicos e restrição de interesses. Dentro do espectro são identificados graus que podem ser leves e com total independência, apresentando discretas dificuldades de adaptação. Até níveis de total dependência para atividades cotidianas ao longo de toda a vida.

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Criança atípica, desenvolvimento escolar e processo de aprendizagem na educação inclusiva

Assim como todas as crianças, os alunos atípicos possuem um processo de aprendizado singular em seu próprio tempo. Contudo, quando o material é acessível e adaptado, com uma equipe que ofereça apoio constante, o processo de desenvolvimento da escrita, fala e aprendizagem torna-se mais linear.

Desse modo, conversamos com a Psicopedagoga Clínica e Institucional Simoni Santos, quem esclarece sobre o Transtorno do Espectro Autista.

Compreende um conjunto de comportamentos agrupados em uma tríade de comprometimentos na comunicação. Também, as dificuldades na interação social, atividades restritas e repetitivas e como as estratégias pedagógicas podem, e devem, estar alinhadas com a funcionalidade.

 

“No autismo o processo de aprendizagem de uma criança na escola inicia quando o professor entende os mecanismos presentes no aluno com espectro autista. Como ele aprende ou adquire o conhecimento. As estratégias pedagógicas devem ser elaboradas com atividades que sejam funcionais”, ressalta.

Como o corpo escolar pode (e deve) integrar

Em sua jornada escolar, um dos principais desafios observados em alunos autistas é a dificuldade para socializar com o círculo educacional que as cercam. Por isso, é muito importante fazer com que a criança com TEA sinta que pertence ao ambiente escolar, tarefa dada ao corpo escolar.

Dessa forma, Simoni explica que assim, em seu processo de aprendizagem, é preciso observar na criança alguns aspectos que influenciam no ensino.  Sendo a motivação e o interesse pelas aulas. As estratégias pedagógicas descobrindo o que a criança gosta de fazer, estabelecendo atividades de domínio do foco e incentivo nas tarefas escolares, medindo a perseverança.

“Durante a etapa de ensino aprendizagem o professor poderá proporcionar atividades dinâmicas e lúdicas onde desperte o foco, a concentração, organizando as informações, pensamentos aleatórios. As elaborações cognitivas, verificando a atitude da criança diante erros e dificuldades. Também, analisando também o ambiente no qual a criança gosta de estar, avaliando autonomia na vida prática e na área pedagógica, o repertório verbal. Além do modo que estabelece a comunicação, os vínculos afetivos em relação a família, professores e colegas, analisando o desenvolvimento cognitivo, matemático, leitura, escrita. A motora, e estereotipias”, salienta a psicopedagoga.

Participação familiar na educação inclusiva

A Psicopedagoga explica que quando falamos em ambiente escolar, a inclusão da criança com TEA deve ser abordada tendo a família como protagonista. O acompanhamento escolar da família contribuí significativamente com o professor no desenvolvimento dessas atividades.

“Sendo elas adaptadas ou não, com isso, a família deve compartilhar trocas de experiências, buscando acompanhar relatórios e pareceres, analisando um ambiente. Proporcionando uma estrutura para melhor prática pedagógica inclusiva. Sendo possível verificar a elaboração de um currículo com atividades adequadas e funcionais para crianças com autismo”, complementa.

Como a família pode saber se a criança está em processo de inclusão na sala de aula?

Assim também, a avaliação da aprendizagem pode ser a resposta. Ela é um processo que diante a seleção de atividades e instrumentos que possam ser utilizados no desenvolvimento cognitivo, sensorial e motor, despertem interesse. Apresentando resultados de maior habilidade ou dificuldade. Baseando-se desta forma no desenvolvimento da criança, identificando o que ela fazia, o que ela faz e o que poderá fazer.

“Portanto, a criança com autismo tem a condição de aprender, de buscar sua autonomia e identidade, de transformação de uma necessidade em viver experiências educativas com amor e respectivamente com a totalidade de uma inclusão”, finaliza.

Desafios para professores e escolas

Contudo, em teoria, o corpo escolar deveria mediar o processo inclusivo de ensino-aprendizagem. No entanto, quando se trata da inclusão do aluno autista na escola de ensino regular, muitas vezes o profissional (seja professor ou monitor) não está preparado para receber e lidar com esses alunos. Isso pode ocorrer devido à falta de recursos oferecidos ao corpo estudantil, à falta de materiais ou até mesmo à própria estrutura escolar.

Dessa forma, pensando em suprir as demandas das escolas para ter profissionais capacitados a integrar os alunos com TEA na sala de aula e na educação, o TEAcolhe Cruz Alta realiza jornadas e formações com profissionais capacitados para gestores e monitores de EMEFs e EMEIs de Cruz Alta. A fim de ressaltar a importância de implementação da Lei Estadual n° 15.322/2019, que instituiu a Política de Atendimento Integrado à Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo no âmbito do Rio Grande do Sul. É destinada a garantir e a promover o atendimento às necessidades específicas das pessoas com autismo, visando ao desenvolvimento pessoal, à inclusão social, à cidadania e ao apoio às suas famílias.

“No TEAcolhe realizamos a qualificação técnica dos profissionais, a horizontalização do atendimento multiprofissional integrado, além da sensibilização da sociedade quanto à inclusão da pessoa com autismo e sua família. A partir do trabalho em rede, tanto intra quanto intersetorial das áreas prioritárias de assistência social, educação e saúde”, ressalta o coordenador e Especialista em TEA Vinicius Borges.

Conheça o Centro Regional de Referência em Transtorno do Espectro do Autismo – TEAcolhe

A partir da estratégia do matriciamento, os dispositivos de atendimento e acompanhamento às pessoas com autismo em sua região de saúde de referência atuam em conjunto para atender aos casos nível 2 e 3 da respectiva região de saúde.

“O atendimento do CRR deve ocorrer de forma articulada com as redes locais do município de origem da pessoa com autismo (cuidado compartilhado), possibilitando a qualificação destas equipes do território para lidarem com as necessidades destas pessoas e suas famílias de forma resolutiva”, explica Vinicius.

Objetivos do CRR

  • Oferecer suporte, através do matriciamento às redes locais de assistência social, educação e saúde da região de saúde de referência do CRR, em conjunto com o trabalho matricial do CMR.
  • Sistematizar o acompanhamento e monitoramento dos municípios da região de saúde respectiva sobre os casos de autismo a partir das redes de assistência social, educação e saúde, por meio do ponto focal.
  • Organizar a agenda da equipe do CRR para os atendimentos dos casos nível 2 e 3 previamente discutidos intersetorialmente com os pontos focais dos municípios, para construção do plano terapêutico singular, com qualificação da equipe local e retorno para o território de origem.
  • Efetuar reuniões de equipe periódicas, a fim de avaliar a execução do trabalho do CRR e o atingimento de seus objetivos. Planejar, compartilhar experiências, avaliar, rever e modificar ações, quando necessário. Assim, efetuar encontros para compartilhar conhecimento técnico, estratégias, reflexões entre os profissionais, apresentar estudos de caso, entre outras.
  • Manter os registros das ações efetuados devidamente atualizados e unificados, garantindo o monitoramento e a avaliação das ações e dos serviços prestados.
  • Qualificar as redes locais quanto ao treinamento parental, no auxílio e atendimento aos familiares, responsáveis e cuidadores, nos processos de cuidado e no desenvolvimento de competências necessárias para ampliar os resultados das intervenções e terapias aplicadas.
  • Auxiliar na construção de uma rede eficaz de atenção ao autismo, integrando-a com as redes existentes.

Equipe TEAcolhe

Assim, o professor de educação física e especialista em TEA Vinicius Borges Jardim coordena o TEAcolhe CRR Cruz Alta, com uma equipe multiprofissional. É composta pela neuropediatra Maria Angélica Furian e pela educadora especial Vaneza Cauduro Peranzoni. Essa equipe atende os municípios de Fortaleza dos Valos, Quinze de Novembro, Boa Vista do Incra, Ibirubá, Selbach. Bem como em Colorado, Cruz Alta, Santa Barbara do Sul, Saldanha Marinho, Salto do Jacuí, Jacuizinho e Boa vista do Cadeado.

Programação Abril Azul

Bem como em 2024, no mês de abril –Abril Azul– a partir do dia 02, data em que se comemora o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, ao dia 06, a Prefeitura de Cruz Alta, através das secretarias de Saúde e da Cidadania, em parceria com a Associação de Pais e Amigos do Autista de Cruz Alta – AMACA, promoverá a Semana de Conscientização do Autismo. Tendo sua programação repleta de atividades como panfletagem, bate papo, roda de conversa, lançamento da BiblioTEA, lives e a VI Caminhada Azul.

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