No supermercado, uma criança chora e esperneia para a sua mãe comprar um produto alimentício. Você já deve ter passado ou pelo menos visto uma situação parecida com essa, mas já se perguntou que tipo de produto é esse que faz uma criança implorar com tanto fervor? Vamos te dar 3 opções:
- Um cacho de uvas;
- Um saco de feijão;
- Um biscoito rosa neon com um personagem desenhado na embalagem.
Estamos certos de que você sabe a resposta. Nesse contexto, é fato que precisamos falar sobre “alimentos” ultraprocessados. O que são, por que são tão atraentes e por que devemos abominá-los?
A classificação dos alimentos quanto ao nível de processamento:
O Guia alimentar para a população brasileira foi o primeiro a recomendar uma dieta balanceada com base no nível de processamento. Esse documento classifica os alimentos da seguinte forma:
Alimentos in natura:
obtidos de plantas ou animais e adquiridos para consumo sem terem sofrido processamento.
Alimentos minimamente processados:
alimentos in natura que sofreram alterações mínimas na indústria, como moagem, secagem, pasteurização etc.
Exemplos: verduras, legumes e frutas (frescas ou secas); tubérculos (batata, mandioca etc.); arroz; milho (em grão ou na espiga); cereais; farinhas; feijão e outras leguminosas; cogumelos (frescos ou secos); sucos de frutas (sem açúcar ou outras substâncias); leite; iogurte (sem açúcar ou outras substâncias); ovos; carnes; pescados; frutos do mar; castanhas (sem sal e açúcar); especiarias e ervas frescas ou secas; macarrão ou massas (feitas com farinhas e água); chá, café e água.
Alimentos processados:
– Limitar o consumo – São produtos fabricados com a adição de sal, açúcar, óleo ou vinagre, o que os torna desequilibrados nutricionalmente. Por isso, seu consumo pode elevar o risco de doenças, como as do coração, obesidade e diabetes.
Exemplos: enlatados e conservas; extratos ou concentrados de tomate; frutas em calda e cristalizadas; castanhas adicionadas de sal ou açúcar, carne salgadas; queijos e pães (feitos com farinha de trigo, leveduras, água e sal).
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Alimentos ultraprocessados:
– Evitar o consumo – São formulações industriais feitas tipicamente com cinco ou mais ingredientes. Em geral, são pobres nutricionalmente e ricos em calorias, açúcar, gorduras, sal e aditivos químicos, com sabor realçado e maior prazo de validade. Podem favorecer a ocorrência de deficiências nutricionais, obesidade, doenças do coração e diabetes.
Exemplos: biscoitos, sorvetes e guloseimas; bolos; cereais matinais; barras de cereais; sopas, macarrão e temperos “instantâneos”; salgadinhos “de pacote”; refrescos e refrigerantes; achocolatados; iogurtes e bebidas lácteas adoçadas; bebidas energéticas; caldos com sabor carne, frango ou de legumes; maionese e outros molhos prontos; produtos congelados e prontos para consumo (massas, pizzas, hambúrgueres, nuggets, salsichas, etc.); pães de forma; pães doces e produtos de panificação que possuem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar e outros aditivos químicos.
Em suma, os produtos alimentícios ultraprocessados são aqueles que você não precisa fazer esforço nenhum para prepará-los, te enchem os olhos quando você os vê na prateleira. Mas também são aqueles que, depois de comer, você se arrepende porque não se sente saciado ou achou enjoativo.
A maioria dos alimentos ultraprocessados têm um conteúdo nutricional próximo a zero, mas são mais atrativos, especialmente para crianças, por terem sabores, cores e texturas formulados quimicamente para agradar os sentidos. Costumam ser ricos em gorduras, carboidratos ou sal. São esses ingredientes que aumentam o nosso desejo de comer esses alimentos.
Para identificar se um produto é ultra processado, também é importante se atentar aos termos usados nas embalagens. Sabe aquele “sorvete sabor morango”? Isso significa que não tem morango o suficiente pra ele ser considerado um “sorvete de morango”.
Afinal, quais os riscos dos ultraprocessados?
Por fim, para te convencer a excluir esse tipo de produto da sua dieta, te mostraremos os resultados de um estudo desenvolvido pelo programa de doutorado do Instituto Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).
A pesquisa alerta que a obesidade é uma importante condição relacionada ao consumo de alimentos ultraprocessados, além da hipertensão arterial e das dislipidemias. Realizada em 2020 com uma amostra de mais de 5.000 participantes, a análise descobriu que alimentos ultraprocessados estavam associados a um aumento de 23% no risco de pressão alta.
Não bastando isso, o estudo mostrou que 25% da energia diária consumida pelos participantes veio de alimentos ultraprocessados. Os resultados mostraram ingestão elevada de sódio (4,6 g/dia), mais que o dobro do valor recomendado pela Organização Mundial da Saúde, e também concluíram que a ingestão de gorduras nocivas (como gorduras saturadas e trans) em pessoas com maior consumo de produtos ultraprocessados é maior.
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