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Mitos e Verdades Odonto

Desvende o mito do dente do juízo.

dente-do-juizoSe extrair um devo obrigatoriamente arrancar os outros?

Os terceiros molares, mais conhecidos como dentes do siso, surgem entre os 17 e 20 anos. É a idade em que, normalmente, os jovens estão começando a se organizar na vida, por isso, popularmente são chamados de dentes do juízo. Por serem os últimos a se apresentarem na arcada dentária, muitas vezes não encontram espaço suficiente para permanecerem sem causar problemas, e necessitam serem removidos. E é aí que entra a dúvida: 

se removermos um dos dentes sisos, obrigatoriamente extrair os outros três?

Segundo o cirurgião-dentista Cristiano Viana, que possui atualização em implantodontia e estética, cada dente do siso deve ser avaliado individualmente. Mas, como nos outros grupos dentários (incisivos, caninos e pré-molares) os molares necessitam do seu antagonista para desempenhar a sua função. Por exemplo: um molar inferior só terá a sua função exercida se o molar superior correspondente estiver na boca para realizar a mastigação. “Por isso quando se retira um dos sisos de um lado da boca, normalmente retira-se o outro do mesmo lado, pois o mesmo ficaria sem função. E como a higienização desses dentes é dificultada, vários poderiam ser os problemas relacionados a estes dentes”, esclarece.

Antigamente os seres humanos tinham mais dentes na boca, pois a necessidade de utilizá-los era muito maior. Tarefas como comer carne fibrosa sem o auxílio de utensílios de cozinha, mastigar alimentos mais sólidos, menos processados. Tudo isso fazia com que os dentes fossem exigidos com maior vigor e os ossos de suporte se desenvolvessem mais.

Atualmente, a dieta é tênue e os alimentos apresentam-se mais processados. Dessa maneira, o desenvolvimento ósseo dos maxilares, através das gerações, foi se adaptando e reduzindo seu tamanho. “Perdemos aquela face mais “animalesca” com os maxilares pronunciados, e por consequência houve um encurtamento dos mesmos. Com ossos mais curtos, há menos espaços para os dentes, de forma que os sisos por serem os últimos, frequentemente se encontram espremidos no fundo da arcada. Nessa posição não conseguem chegar por completo até a cavidade bucal, ficando então dentro do osso, chamados de inclusos, ou abaixo da gengiva e conhecidos como submucosos”, comenta.

Quando e porque remover um dente siso é dúvida de muitas pessoas. Cristiano explica que quando submucosos, os dentes criam uma porta de contaminação óssea, pois geram um canal desprotegido entre o meio bucal e o tecido gengival mais interno, a saliva penetra com restos de alimentos e micro-organismos, podendo causar a pericoronarite que é o agravo mais comum nesses casos. “Trata-se de uma infecção que pode variar de gravidade leve a severa, e até mesmo requerer tratamento com internação hospitalar. Se em contato com a raiz de outro dente, o siso pode levar a sua condenação e necessidade de retirada, por criar uma área de perda mineral na raiz chamada de reabsorção. Os dentes inclusos podem levar também a formação de cistos ósseos e favorecer fraturas dos ossos da face”, coloca.

Deixar os sisos no local sem que eles possam assumir a função na boca e serem higienizados corretamente, é sem dúvida um risco que não deve ser corrido, salvo em casos onde seu posicionamento é tão desfavorável, que a agressão de retirá-lo seria muito grande. Nesse caso, ele deve ser acompanhado com avaliações e radiografias periódicas.

Como os dentes, antes dos 20 anos de idade, possuem raízes em menor estágio de desenvolvimento, é recomendado que nesta fase da vida as pessoas tenham seus dentes examinados para veiricar a necessidade ou não de remoção.

Os sisos podem se apresentar com diversos graus de inclusão e posições variadas. Também é possível nascerem próximo a estruturas nobres como nervos e cavidades anatômicas. Sua remoção necessita de conhecimento, técnica e equipamentos específicos, para ser executada com precisão e menor risco, evitando possíveis complicações. O processo de remoção é cirúrgico e requer suporte com medicamentos e reavaliações pós-operatórias para monitorar a ocorrência de possíveis infecções. “Nesse período, o paciente deve ser orientado a cuidar atentamente da higiene e seguir algumas restrições alimentares”, ressalta.

Cristiano Viana, Cirurgião-dentista formado pela Universidade Federal de Santa Maria, com atualização em implantodontia e em estética. Farmacêutico-bioquímico pela Universidade de Cruz Alta. 

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