Quem viu algum dos antológicos shows dos Rolling Stones na turnê pela América Latina ficou impressionado com a forma física do Mick Jagger. Aos 72 anos, com as rugas para não mentir sua idade, pulou, cantou e dançou por 2 horas. Espantoso! Mas como consegue? Olha, pelo que se pode deduzir, sua forma física (e mental) é consequência de muito trabalho e muito amor ao trabalho. E aqui começamos uma reflexão pelos fatores envolvidos no envelhecimento saudável.
Sem ordem de precedência, fica claro o duplo sentido da palavra trabalho. Primeiro, em muito há evidências que a aposentadoria faz mal à saúde. O nosso povo, com toda uma cultura que mostra sua dificuldade com o trabalho, sempre desejou a aposentadoria. Mas, os povos que obtiveram maior longevidade o fizeram apoiados no trabalho, evitando-se a aposentadoria. Várias celebridades do meio artístico e intelectual atribuem ao trabalho sua vitalidade. Artistas como Maria Bethânia e Fernanda Montenegro continuam realizando novos projetos. Assim como cientistas do porte de Ivan Isquierdo, que aos 78 anos, pesquisa memória na PUCRS. Todos eles têm em comum a paixão à arte. O trabalho é um bem em si que se reflete no trabalhador como uma gratificação que contribui para o aumento da autoestima do trabalhador. Com o trabalho faz-se uma obra. Este aumento da autoestima conta pontos para a sensação de felicidade. Mas o trabalho tem de ser apaixonado. Imaginem a satisfação de Mick Jagger, cantando “(I Can’t Get No) Satisfaction” para 50.000 pessoas.
Por sinal, o canto, a música, tem sido uma das receitas para a busca do bem-estar. Todos lembram do dito: “Quem canta seus males espanta”. A música é um grande antídoto para dois dos grandes problemas de saúde atuais: a depressão e a neurose. Ambos comprometem sobremaneira a qualidade de vida do envelhecimento. As vidas perdidas para a melancolia, para a tristeza e para indiferença afetiva provocada pelo uso excessivo de tranquilizantes e congêneres, é indignante. Já a neurose – que todos a temos – perpassa o que pensamos, o que sentimos e o que fazemos. Sempre com seu efeito deletério de tornarmo-nos menos do que podemos ser.
Mas a grande lição do Mick Jagger é que uma mente produtiva, não se mantém sem um corpo saudável. Somente para lembrarmo-nos dos gregos: “mens sana in corpore sano”. Não esqueçamos que nosso corpo é nosso veículo, meio de transporte na nossa vida terrena. Não fiquemos por sua ausência, no meio do caminho da existência. Pelo menos naquilo que depende somente do nosso estilo de vida. E o nosso estilo de vida determina 60% de nossa saúde. Todos devem ter uma lembrança de pessoas brilhantes, talentosas ou amáveis, que nos fazem tanta falta, mas nos deixaram precocemente por não cuidarem de seu corpo.
Temos que ter um respeito ao corpo. Não podemos ser somente o povo que é apaixonado por carros. Não pode um bem material ser mais importante. Temos que cuidar da saúde. Mick Jagger fez várias exigências dietéticas. As pessoas que se mantem magras o fazem à custa de estar constantemente vigilantes em relação aos excessos alimentares. Uma dieta saudável, associada ao exercício diário, modela o corpo, mantendo-nos ágeis e fortes para curtir a vida.
Desgraçadamente a vida passa. O envelhecimento é inevitável. Mas acontece que o envelhecer saudável ainda é a melhor coisa que pode nos acontecer. Miremos nos exemplos dos que vivem o tempo atual, conectados na vida e nas pessoas, trabalhando apaixonados, contribuindo para uma vida melhor. Ainda há tempo de mudanças.
Paulo Ricardo Moreira
CREMERS 9.689
Adicione Comentário