Ouço que a vida não está fácil. E me pergunto se algum dia foi fácil viver. Cada época teve seu repertório de dificuldades e perigos. O que ocorre é que nossa memória é traidora e aquilo que nós ou os outros passaram, não nos comove tanto assim.
Primeiro esquecemos com facilidade as bondades e os bons momentos passados. Já as maldades e os maus tempos calam na alma e marcam na memória. Conhecendo esta característica humana, Maquiavel ensinou aos governantes que as bondades devem ser dadas com parcimônia e as maldades de uma só vez.
Cada época teve suas dificuldades.
Boa parte da história humana foi vivida em tempos de guerra. Para os pobres e para os perdedores a vida nunca foi fácil. Recentemente, somente me recordo de uma época boa, que foram os “Anos Dourados”. E mesmo assim veio na esteira da segunda grande guerra mundial, em plena guerra fria e com as mulheres sendo subjugadas.
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Entretanto, dentro de uma filosofia de bar, concluímos que hoje está mais complicado viver. Dizem que viver, já não é mais para os amadores. Mas a vida nunca foi condescendente ou tolerante com os fracos. Na história, os fortes venceram e ficaram com o butim. Quincas Borba ensina em sua filosofia que aos ganhadores ficam as batatas. Ou seja, em terra arrasada pela guerra, fica o que está abaixo da terra e serve de alimento ao vencedor.
Se antes os atributos dos fortes eram a força e a coragem, hoje são outras as exigências, como, por exemplo, a aquisição de conhecimento e de habilidades. Quem tem o conhecimento tem a força e o poder. Com isto está mais preparado para vencer a competição acirrada.
Resiliência é o conceito mais atual para a capacidade de suportar as pressões da vida e superar as dificuldades.
É um termo retirado da física dos metais para expressar a sua capacidade de tolerar o stress sem perder suas características. Transpondo para nós, é a capacidade de absorver os impactos, tolerá-los sem perder nossas características de caráter e personalidade.
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O uso desse termo tem uma certa semelhança com uma expressão comum no box, que é o acusar o golpe. O boxeador quando leva um soco, necessita absorvê-lo sem demonstrar que o golpe o machucou. Resistir ao golpe e a partir de então, adquirir força para seguir o combate, é ter resiliência. Na mesma linha está o aforisma creditado à Nietzsche: o que não me mata, me torna mais forte.
Com o passar do tempo e com os acréscimos diários das tecnologias e exigências, temos que nos adaptar e ter resiliência. Afinal de contas, diariamente temos um novo problema. Perceberam que a cada minuto temos que encontrar uma nova solução. Quem tem a cartilha com as respostas? Aonde está o manual da vida com as explicações e o modo de funcionamento?
Às vezes sinto inveja das pessoas com soluções para tudo. Mas também, é muito fácil saber o que é bom para os outros. Duro é escolher qual o melhor caminho. Duro é estar na minha pele e calçar os meus sapatos, e viver a minha vida. Mas cada um sabe a alegria e a dor de ser o que é.
Dr. Paulo Moreira
CREMERS 9.689
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