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Corpo e Mente Vitale 38

Desenvolvimento Infantil: construindo caminhos com as profissionais do SABERES

Bem-vindos ao mundo do Saberes, o espaço de atendimento multidisciplinar integrado onde as profissionais unem seus SABERES para construir caminhos.

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Caros leitores, bem-vindos ao mundo do Saberes, o espaço de atendimento multidisciplinar integrado onde as profissionais unem seus SABERES para construir caminhos visando o desenvolvimento integral das crianças. Agora, você irá conhecer parte da equipe, que conta com a Fonoaudióloga Fabiane Beatti Grunwald, Especialista em Linguagem Infantil e Aprendizagem e em Fonoaudiologia no TEA. Também, com a Fisioterapeuta Aline Miranda Caraffa Machado, que possui formação no Conceito Neuroevolutivo Bobath. E Renata Casali, Neuropsicopedagoga, Especialista em ABA, Mestre e Doutoranda em Medicina Translacional na Universidade Federal de São Paulo, por quem iremos dar início a nossa viagem aos diversos SABERES que constituem este espaço de Desenvolvimento Infantil:

Como a intervenção ABA pode promover a Cognição Social das crianças?

A missão de ensinar e acompanhar o desenvolvimento de crianças com autismo exige abordagens com embasamento científico. Entre essas abordagens, a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) tem se destacado como uma ferramenta poderosa para promover o aprendizado e desenvolver a cognição social destas crianças. A cognição social diz respeito ao estudo de como os indivíduos processam, codificam, armazenam, representam e acessam a informação de natureza social referentes ao eu e aos outros indivíduos para regular, de forma adaptativa, seu comportamento em sociedade. Ou seja, abrange os processos envolvidos na interação social e no entendimento das relações interpessoais. Isso inclui a percepção de expressões faciais, a interpretação de pistas sociais, a empatia, a capacidade de tomar perspectivas diferentes e a compreensão das normas sociais entre outros aspectos.

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma abordagem terapêutica que tem sido amplamente utilizada no tratamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista. Esta ciência, quando utilizada por profissionais capacitados e especialistas em transtornos do neurodesenvolvimento, pode contribuir de forma significativa para a cognição social dessas crianças. Vejam como:

TREINAMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS

A ABA pode ser usada para ensinar habilidades sociais específicas, como fazer contato visual, entender as emoções dos outros, compartilhar e cooperar em grupo. No SABERES, as terapeutas frequentemente “quebram” essas habilidades em etapas menores e usam reforço positivo para incentivar a prática e o desenvolvimento das habilidades sociais.

COMPREENSÃO DE CAUSA E EFEITO SOCIAL

As intervenções ajudam a criança com autismo a entender as relações de causa e efeito em situações sociais. As terapeutas identificam padrões de comportamento e ensinam como suas ações afetam suas relações com os outros.

COMPREENSÃO DE EMOÇÕES

A ABA pode ser usada para ensinar crianças com autismo a reconhecer e interpretar as emoções dos outros. No SABERES, esta importante etapa é alcançada com uso de cartões de emoções, histórias sociais e recursos visuais diversos que auxiliam as crianças com autismo a entender como as pessoas se sentem nas mais diversas situações e contextos.

GENERALIZAÇÃO DE HABILIDADES

ABA envolve registro, envolve transparência com as famílias e contato com a escola, já que se concentra na generalização das habilidades, ajudando as crianças a aplicar o que aprenderam nas intervenções em diferentes configurações e com diferentes pessoas. Isso é crucial para melhorar a cognição social, pois as interações sociais ocorrem em contextos variados.

REDUÇÃO DE COMPORTAMENTOS DESAFIADORES

Ao ensinar as crianças sobre as maneiras mais adequadas de lidar com frustrações e de se comportar em situações sociais difíceis, a terapia baseada em ABA melhora a qualidade das interações sociais.

PROMOÇÃO DE COMUNICAÇÃO FUNCIONAL

Sabe-se que muitas crianças com autismo têm grandes dificuldades na comunicação. A ABA é utilizada pelas profissionais do SABERES para ensinar a comunicação funcional em um trabalho integrado com a fonoaudióloga que orienta o uso das palavras ou de sistemas de comunicação alternativa para expressar necessidades, desejos e emoções. Isso, seguramente, também contribui para a interação social.

A intervenção para crianças com autismo, necessariamente, deve visar o ensino de comportamentos socialmente relevantes.

No SABERES, as intervenções ABA são altamente individualizadas e adaptadas às necessidades específicas de cada criança. O uso de protocolos internacionais, como o VB-MAPP e ABLLS-R, sob a minha supervisão, na própria clínica, garante o mapeamento das habilidades, a escolha personalizada dos objetivos, o acompanhamento dos resultados de cada criança ao longo do tempo e a adequação das formas de ensino às particularidades de cada paciente. Ressalto que, no Saberes, as respostas de cada criança aos treinos são registradas pelas aplicadoras e facilmente visualizadas nos gráficos gerados pelo sistema, o que confere um acompanhamento inclusive quantitativo e que não deixa margem para dúvidas quanto à evolução de cada paciente. Além dos números e do rigor na execução dos treinos em ambiente clínico, é fundamental que as crianças sob intervenção estejam apresentando avanços perceptíveis aos familiares e equipe de apoio. O resultado e consequente avanço de cada criança ao seu potencial máximo é o que nos move!

Renata Casali
Neuropscicopedagoga | SBNPp 3446
Supervisora ABA

Saberes aos olhos de quem faz

Um lugar tão especial para os pequenos também se torna especial para quem trabalha. A equipe também conta com a Maria Gabriela Abreu, Pedagoga e Aplicadora ABA, e é ela quem traz o relato de como é o SABERES aos olhos de quem faz:

“Eu sou apaixonada pelo meu trabalho, pela forma linda que a intervenção precoce influencia as vidas que acompanho. Fazer parte da trajetória de cada um dos pacientes do SABERES é uma experiência extraordinária, ver o desenvolvimento e a evolução dos nossos pequenos, dia após dia, é gratificante. Todo os dias sou surpreendida com cenas lindas de interação das crianças na sala de espera. Crianças que antes não respondiam perguntas e hoje iniciam diálogos e fazem comentários espontâneos. Bem como, vibro com os relatos das famílias, descrevendo as conquistas da sua criança. Com o coração cheio de alegria posso dizer que eu tenho certeza do nosso propósito no SABERES e que as nossas crianças merecem o nosso melhor todos os dias”.

 

 

Habilidades pré-liguísticas na construção da linguagem

Sabemos que as dificuldades de linguagem não são inicialmente aparentes, pois os possíveis impactos geralmente não se manifestam até que o desenvolvimento da linguagem atinja o nível de expressão, isto é, da fala.

Para onde e para qual fase da criança devemos olhar?

É importante que conheçamos o desenvolvimento global da criança desde a sua gestação e nascimento e que saibamos olhar para o todo. A base do desenvolvimento de uma criança, inclusive o de linguagem se dá através do seu desenvolvimento sensorial e motor. Dificuldades de aquisição de experiências sensoriais e motoras impactam ou podem se tornar obstáculos às habilidades de linguagem e aos processos cognitivos.

Todos os déficits e lesões congênitas nas primeiras semanas e meses de vida afetarão o desenvolvimento das habilidades pré-linguísticas e linguísticas  de um bebê. Quando falamos em bebês, esses déficits devem ser considerados atrasos do desenvolvimento e não prejuízos permanentes, mas que podem se tornar permanentes  após o período crítico do desenvolvimento dessas habilidades.

Os déficits podem ser transitórios, interrompendo o desenvolvimento apenas por breves períodos. No entanto, o desenvolvimento segue, mas segue com lacunas. A criança vai se desenvolvendo com brechas até que os déficits se acumulam de tal maneira que todo o desenvolvimento fica prejudicado e percebe-se então que algo está errado.

Quais seriam essas  habilidades pré- linguísticas que devemos estar atentos ao observar o desenvolvimento de um bebê e que impactam na construção de sua linguagem?

Habilidades de Orientação Social: habilidades em saber olhar para o interlocutor, responder para o nome, para vozes e para sons do ambiente, seguir instruções, compreendendo e executando ordens simples, ter interesse social no outro.

Atenção Compartilhada: capacidade de coordenar a atenção entre dois parceiros sociais em relação a um referente externo, compartilhando interesses e buscando assistência ao fazer a triangulação do olhar. Está relacionada com alguns gestos significativos como o apontar para  mostrar ou pedir, com comportamento de seguir o olhar do adulto e seguir algo com o olhar, responder a estímulos que lhe é solicitado e tomar a iniciativa em compartilhar interesses.

 Intenção comunicativa:  capacidade em entender que existe um outro com o qual posso me comunicar, porque devo me comunicar e como devo fazer para me comunicar. Está relacionada ao propósito do falante ao querer se comunicar.

A criança com Transtorno do Espectro  Autista vai apresentar prejuízos nessas habilidades pré- linguísticas (e é o grande diferencial para diagnóstico de outros transtornos), pois não reconhece ou falha no reconhecimento do outro como parceiro de comunicação, não tem interesse social no outro ou  falha nessa capacidade, não compartilha ou pouco compartilha interesse com o outro, mantendo sua atenção no objeto em si.

Diante dessa perspectiva, ressalta-se a importância do diagnóstico precoce e do conhecimento sobre o desenvolvimento global da criança para que  possamos olhar para ela desde esses primeiros períodos, intervir de forma precoce e realmente efetiva afim de preencher essas lacunas logo no começo, amenizando os prejuízos em seu desenvolvimento.

Fabiane Beatti Grunwald
Fonoaudióloga
Especialista em Linguagem Infantil e Aprendizagem
Especializanda em Fonoaudiologia no TEA
Crefono 7- 5924

 

Considerações da Fisioterapia no Tratamento do Transtorno do Espectro Autista

O transtorno do espectro autista (TEA) está classificado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2013) dentro dos transtornos de neurodesenvolvimento. É definido como um distúrbio neurológico presente desde a infância que leva a comprometimentos sociocomunicativos e comportamentais. A etiologia do TEA ainda é desconhecida, mas pesquisas apontam fatores biológicos, genéticos e ambientais como possíveis preditores.

O diagnóstico do TEA inclui uma variedade de características (alterações na motricidade, prejuízo na linguagem, entre outros) e diferentes níveis de gravidade. Apesar da maioria das pessoas manifestarem sintomas do TEA ainda quando crianças, as características podem variar de acordo com a idade, causando prejuízos no desenvolvimento infantil. Os primeiros anos na vida da criança são fundamentais para a aquisição de habilidades motoras, cognitivas e sociais. Sendo assim, as oportunidades ofertadas às crianças e as expectativas sociais podem interferir no seu desenvolvimento.

Desenvolvimento neuro e motor no TEA

O atraso no desenvolvimento motor em crianças com TEA ainda não está entre os critérios de diagnóstico, mas já era relatado por Hans Asperger (1944) e Leo Kanner (1943) em suas primeiras descrições clínicas do transtorno. Sabe-se hoje, através de estudos, que 88% das crianças que se encontram dentro do transtorno do espectro autista apresentam risco de deficiência motora.

O desenvolvimento neuromotor da criança com TEA é descrito na literatura como atípico. As anormalidades motoras que podem ser encontradas abrangem uma ampla gama de disfunções, incluindo defeitos no controle motor grosso e fino, sequências motoras complexas (dispraxia e déficits na imitação), anormalidades nos movimentos oculares e déficits de aprendizagem motora.

Embora não haja evidências de uma causa específica, sabe-se que crianças com TEA apresentam anormalidades na anatomia do sistema nervoso central (SNC), destacando-se alterações no cerebelo. Este, responsável pela manutenção do equilíbrio, pelos movimentos voluntários, tônus muscular, coordenação dos músculos da fala e da aprendizagem motora.

Fisioterapia no TEA

O tratamento da criança com TEA envolve uma equipe multidisciplinar. A intervenção fisioterapêutica é de suma importância, pois tem capacidade de auxiliar no desenvolvimento motor, possibilitando estímulos nas áreas de concentração e interação social. Dessa forma, a atuação do fisioterapeuta requer uma intervenção precoce com o intuito de aproveitar ao máximo a neuroplasticidade cerebral e consequentemente favorecer a melhora na qualidade de vida da criança.

A fisioterapia usa diversos métodos para o atendimento da criança com TEA. Entre eles destaca-se:

Método Bobath

Ele tem como principal objetivo uma adequação do corpo a uma postura mais saudável. Através desse método busca-se a simetria corporal, o aumento ou a diminuição de tônus muscular, o estímulo da extensão de cabeça, tronco e quadril nas crianças hipotônicas, o estímulo da reação de proteção e o trabalho de rotação de tronco.

Por meio de planos de atendimento individualizados, a terapia visa ao aperfeiçoamento nas atividades de vida diária. Quanto mais se desenvolve o controle motor de uma criança melhor será o seu processo cognitivo, refletindo diretamente em todas as áreas de seu desenvolvimento.

Aline Miranda Caraffa Machado
Fisioterapeuta
CREFITO 180902-F
Terapeuta Neuroevolutiva Bobath
Cursando pós-graduação em Fisioterapia no Tratamento do Transtorno do Espectro Autista

 

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