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Medicina Vitale

A cura da aids: já existe?

cura da aids

Durante a última semana pipocaram manchetes dizendo que cientistas teriam conseguido curar um paciente com o vírus HIV. Essas manchetes nos chamam atenção e trazem esperança, porém devemos agir com muita cautela ao lermos esse tipo de matéria na internet.

Um paciente inglês participou de um tratamento que visa erradicar o vírus do corpo. Testes clínicos feitos durante tratamento, chamado River (sigla em inglês para Research in Viral Erradication of HIV Reservoirs), mostraram que aparentemente não há mais sinais do vírus no sangue do paciente. Isso parece incrível, mas precisamos relembrar que o tratamento com antirretrovirais, ao qual o paciente estava sendo submetido, já reduz o HIV a níveis indetectáveis.

Os próprios pesquisadores responsáveis pelo River repudiaram as notícias que alardeavam uma cura. “Não ter sinais do HIV no sangue não significa que os pacientes foram curados, como alguns textos sugerem (…) Esperamos ansiosos os resultados finais desse estudo inédito, mas até lá é preciso enfatizar que não podemos afirmar que um paciente tenha respondido ao tratamento ou tenha sido curado.”

A medicação antirretroviral ministrada aos pacientes HIV fez com que a doença não significasse mais uma sentença de morte, mas uma doença crônica que pode ser administrada. Quando administrado corretamente, o tratamento convencional diminui muito a quantidade do vírus no corpo do infectado, mas em algumas células ele continua dormente e volta a se multiplicar quando a cessa intervenção com medicamentos. A pesquisa do tratamento River está buscando a erradicação completa do vírus no corpo.

Até o momento, 39 pacientes foram recrutados para a pesquisa. Todos vão receber retrovirais, mas metade também receberá um medicamento que força o vírus a emergir de partes do corpo onde estão escondidos. Eles também vão receber duas vacinas para fortalecer o sistema imunológico ao ponto que ele consiga atacar as células infectadas com o HIV – estratégia essa chamada de “chutar e matar”.

Esse paciente, que continua tendo sua identidade em sigilo, foi o primeiro do grupo a completar o tratamento. Esse estudo só deve apresentar resultados em 2018. Ele está sendo feito por um grupo de pesquisadores de faculdades britânicas renomadas, como Oxford, Cambridge, University College London e Imperial e King’s College.

Ainda vai levar tempo para que os pesquisadores consigam definir se a técnica do River é realmente um sucesso. “Vamos fazer testes genéticos muito específicos para investigar se há vírus HIV dormentes dentro das células”, disse John Frater, professor de Doenças Infecciosas da Universidade Oxford.

Todos os voluntários foram infectados há pouco tempo, o que significa que eles têm um reservatório pequeno do vírus e o sistema imunológico deles ainda não foi prejudicado várias vezes – como acontece com pessoas infectadas há bastante tempo. Assim, se for possível curar o HIV, esses pacientes podem ser considerados um alvo fácil. E mesmo que o River seja considerado um sucesso, é preciso cautela na hora de interpretar os resultados porque isso não pode ser reproduzido em um paciente que tem HIV há bastante tempo.

“Já foi demonstrado que, em tubos de ensaio, é possível tirar o vírus de células dormentes. Mas teremos de esperar para ver se o mesmo acontece em pacientes, e mesmo se funcionar, não podemos falar em cura para todo mundo, já que precisaremos de estudos testes mais amplos.”, disse Michael Brady, diretor médico da fundação Terrence Higgins Trust.

Por isso é importante se manter sempre atento às manchetes que revelam curas ou até mesmo receitas que prometem curas com produtos naturais. Precisamos confiar na ciência e continuar torcendo para que os cientistas encontrem a cura desse mal da humanidade.

Redação com informações da BBC, acesse aqui.