Dormir sem tirá-las, ignorar o prazo do fabricante, nunca trocar o estojo, pegar colírio emprestado… Quem nunca? Só que deslizes como esses podem encrencar seus olhos.
Comprar sem consultar o oftalmologista
Você é daqueles que, ao pegar a receita de óculos, correm para a internet e encomendam o primeiro par de lentes em promoção? Pois já errou de cara. O uso e a escolha do acessório dependem de avaliação médica. “É o oftalmo que irá analisar se há contraindicações e qual o material e a curvatura adequados”, diz o oftalmologista Fernando Abib, diretor da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato (Soblec). Existe inclusive um teste de adaptação às lentes, feito em consultório, para acertar no modelo.
Deixar de lavar bem as mãos
Parece banal, mas uma pesquisa recém-publicada pela Academia Americana de Optometria envolvendo 119 usuários de lentes revela que esse descuido é um dos principais fatores de contaminação do material. E é fácil entender o porquê: nossas mãos carregam milhares de micróbios capazes de pular para o utensílio e, de lá, para os olhos. “O ideal é colocar ou retirar as lentes em um ambiente limpo, com torneira, sabão e toalha por perto”, ressalta a médica Keila Monteiro de Carvalho, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Nos casos de emergência, em que você não dispõe de um bom banheiro, nem pense em higienizar as mãos com aquele álcool em gel que fica na bolsa. “Em contato com os olhos, ele pode causar queimaduras na córnea”, alerta Keila. O jeito, aí, é usar só água corrente mesmo.
Usar as lentes com os olhos vermelhos
Assim como a febre é sinal de que o corpo não está bem, a vermelhidão indica que há algo de errado nos globos oculares. Em geral, isso acontece por alguma irritação, infecção ou alergia – e ela pode ser provocada inclusive pelas próprias lentes. “Como elas são um corpo estranho, colocá-las nessas circunstâncias tende a agravar o problema”, diz Keila. Por isso, até que se descubra a causa da vermelhidão, a ordem é suspender o uso e procurar o oftalmo. E o mesmo se aplica se os olhos estiverem ardendo, doendo ou lacrimejando demais.
Limpar de qualquer jeito
Não adianta apelar para água, soro fisiológico ou saliva. Só existe um líquido capaz de higienizar direito as lentes: as soluções próprias para limpeza. “As lentes absorvem as proteínas do olho. Apenas esses produtos eliminam esse excesso, bem como bactérias”, explica a oftalmologista Meibal Junqueira, do Instituto de Moléstias Oculares, em São Paulo.
Não respeitar o prazo das lentes
Elas têm, na verdade, duas datas de validade: uma para quando estão lacradas e outra a partir da abertura da embalagem. Isso quer dizer que, se você tem uma lente quinzenal, precisa jogá-la fora ao final de 15 dias, mesmo que só tenha usado uma única vez. “Se passar do prazo indicado, ela perde a segurança e eficiência”, crava a oftalmologista Helena Oliveira, do Hospital de Olhos, na capital paulista.
Negligenciar o estado do estojo
De que adianta lavar as mãos e usar o produto de limpeza se o lugar onde as lentes dormem vive sujo? “Muitos pacientes chegam ao consultório com contaminação por causa do estojo malcuidado”, conta Meibal. É por isso que a especialista indica uma lavagem com água e sabão neutro, seguida de uma boa secada. E nada de se apegar demais: trate de renovar o estojo a cada três meses.
Esquecer-se de trocar o produto
Se você é do tipo que usa lentes de contato apenas em ocasiões especiais, não pense que terá menos trabalho. Deixá-las mergulhadas por muito tempo na mesma solução reduz a eficácia do produto contra os micro-organismos. Mesmo quando estiverem fora de uso, o correto é fazer a higiene das lentes e a troca da solução a cada quatro dias. A quem recorre a elas esporadicamente, o mais recomendado hoje é lançar mão dos modelos de descarte diário.
Dormir com as lentes
Embora existam modelos que permitam isso, pregar os olhos com elas é desaconselhado pelos médicos. Um estudo publicado pela revista Ophthalmology mostrou que quem dorme com o acessório, mesmo que eventualmente, aumenta em 6,5 vezes o risco de lesões oculares. “Esse hábito priva a córnea de oxigenação”, explica o oftalmologista César Lipener, da Universidade Federal de São Paulo. Cenário perfeito para o acúmulo de secreção e infecções.
Botar qualquer colírio
Como as lentes ressecam a vista, é comum que as pessoas pinguem umas gotinhas nos olhos. Mas não vale pegar emprestado o colírio do amigo ou comprar um mais em conta. Existem lubrificantes que impregnam as lentes. Use apenas o tipo indicado pelo oftalmologista.
Viajar de avião com as lentes
O recado vai para viagens longas, é claro. A baixa umidade e o ar condicionado potente deixam os olhos numa secura só. Portanto, convém privilegiar os óculos nessa situação. “Quando as lentes forem a única opção, é prudente aumentar a lubrificação dos olhos com colírios específicos”, diz Helena. E essa orientação se estende a quem não vai viajar, mas trabalha no computador – a atenção na tela reduz o número de piscadas.
Descuidar-se na praia
Brisa, areia e mar. Eis a combinação perfeita para… contaminar suas lentes. A praia é um terreno que propicia a invasão de partículas e micróbios nos globos oculares. Se não der mesmo para ir de óculos, tenha bastante cuidado. “Evite, por exemplo, o mergulho no mar. Você pode perder as lentes ou pegar alguma bactéria”, aponta Fernando Abib. Atenção também com o vento, que pode jogar areia nos olhos. Óculos de sol ajudam nesse sentido.
Pensar que o uso incorreto traz só problema inofensivo
Quando usadas de forma displicente, as lentes de contato podem acarretar graves consequências – inchaços na pálpebra, déficits de visão e, em casos extremos, até cegueira. “Mesmo pessoas cuidadosas estão expostas a riscos. Temos que lembrar que as lentes interagem com a córnea o tempo todo”, avisa Lipener. Por isso, mesmo que você não note problema algum, jamais abra mão da visita ao oftalmo a cada seis meses, combinado?
Escrito por Andressa Basilio (colaboradora) Editado por Goretti Tenorio
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