Muito se tem falado em parto humanizado, mas não há um entendimento claro sobre o seu significado entre pacientes, familiares e profissionais da saúde.
Nesse momento único a protagonista deve ser a gestante e seu filho que está para nascer. Tão importante quanto a assistência médica é a atenção e cuidado que se precisa ter com a delicada situação em que a mãe vive.
Algumas modificações significativas nos procedimentos médico-hospitalares são sugeridas na hora do trabalho de parto como: a indução, o corte na hora do nascimento (episiotomia), o uso de anestesia, a raspagem de pelos pubianos e a cesariana. Neste caso, muitas vezes, são considerados desnecessários. A decisão sobre o uso de tais procedimentos necessita ser em comum acordo com a grávida, isto é, ela participa ativamente do processo.
Nessa condição existe a figura do cuidador que pode ser exercida pelo marido, enfermeira ou médico. O principal enfoque do parto humanizado é no acolhimento emocional da mulher. A atuação profissional ocorre apenas se na hora for muito necessário, sendo assim, o cuidador deve estar familiarizado com a gama de peculiaridades e situações envolvidas na hora do nascimento do bebê.
Normalmente os partos são encarados como procedimentos mecânicos ao invés de existir um respeito à individualidade da gestante. Pessoas em geral e, até, médicos podem confundir o termo parto humanizado com parto sem anestesia, parto na banheira, parto domiciliar e outros.
Muitas dificuldades teremos de enfrentar para adotar de forma ampla este tipo de atenção à grávida. Em ambientes privados, talvez seja mais fácil. Já no meio público (SUS) se torna difícil, pois o próprio sistema de saúde impõe atendimento baseado em resultados como: maiores números de partos vaginais e menor número de cesarianas – inclusive não remunerando a cesariana.
Outro fato é que a imensa maioria de nascimentos ocorre em populações mais desfavorecidas, de menos acesso a um pré-natal de qualidade, exames subsidiários, acompanhamento nutricional e psicológico, implicando em maiores riscos. Isto faz com que médicos tomem as decisões, unilateralmente, até para se preservar de complicações e suas consequências como, por exemplo, processos judiciais.
João Pedro Cunha Calçada
Médico especialista em ginecologia e obstetrícia
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