Uma coisa que ninguém fala, é que a maternidade não é linda (talvez me falassem e eu não quisesse acreditar).
Calma, esperem antes de me jogarem duzentas pedras. O que eu sempre vi e sempre li a respeito é que a maternidade era o momento mais lindo e mais pleno da vida da mulher. Que só então seríamos completas e encontraríamos o verdadeiro amor. Um amor inexplicável, indescritível. Diziam-me que a amamentação era uma coisa natural e fantástica. Que ao nascer um bebê, nascia uma mãe. Verdade, nasce um bebê e nasce uma mãe. O que nunca me disseram é que, assim como o bebê nasce imaturo e tendo que aprender basicamente tudo – inclusive a mamar – o mesmo acontece com uma mãe.
Eu simplesmente nasci como mãe sem saber NADA! Por mais que eu tivesse lido e estudado sobre tudo o possível, quando eu me vi com aquele bebê, sozinha em casa, eu me desesperei! Os primeiros 15 dias foram lindos, eu estava cheia de ocitocina – que faz a vida ser maravilhosa, e meu marido estava de licença. Agora, no momento em que eu fiquei sozinha com ela pela primeira vez, sem ocitocina, meu mundo caiu. E junto com isso, começaram a surgir diversos sentimentos que ninguém nunca te fala e tu nunca esta preparada pra lidar.
Primeiro deles: culpa. Por absolutamente tudo! Por se sentir cansada, por não entender o choro do bebê, por não saber se a mama esvaziou ou não, por querer dormir, porque o bebê não quer dormir, por querer um tempo pra si… enfim, por existir.
Veja como foi o primeiro mamaço de Cruz Alta
Logo, existe o sentimento de insuficiência, quando a gente vai ao pediatra e alguma coisa não está como a gente queria. Quando a gente não consegue acalmar o bebê, quando o bebê chora pra mamar… sempre a insuficiência, a sensação de que não somos boas mães.
Junto com a insuficiência, vem a sensação de “porque eu fui ser mãe?” (trust me, todo mundo sente isso, só não admite). Obviamente, esse sentimento traz junto mais culpa e mais sensação de insuficiência. Pior ainda, o sentimento de sou a pior mãe do mundo.
Contrapondo ao sentimento de pior mãe do mundo, vem o de mãe-maravilha! Aquele pequeno instante em que a gente faz o bebê rir a primeira vez, ou consegue fazer o bebê dormir e aproveita pra ir ao banheiro. Esse todo mundo quer sentir, mas ele dura breves instantes e logo é substituído pela insuficiência, culpa e etc.
E eu podia ficar listando eternamente uma série de sentimentos que evitamos a vida toda e ninguém nos disse que eles vem a cavalo quando a gente vira mãe. Fato é que não existe maternidade de Facebook. E sabe por quê? Porque nunca queremos mostrar pros outros nosso lado “ruim”. Queremos tanto ser perfeitos que não mostramos nossos “erros”, inseguranças e medos, quando, na realidade, é justamente o que devíamos fazer. Ao assumir nossas inseguranças percebemos que o mundo não é perfeito e que outras pessoas passam/passaram pelo mesmo que agente. Isso nos fortalece. Nos dá segurança. E nos permite descobrir a maternidade real, imperfeita e cheia de dificuldades! Essa sim é linda! Essa é cheia de recompensas e momentos gratificantes, com um amor indescritível. Essa, sim, deveria ser a maternidade de Facebook, a maternidade real.
Por Andréa Wieck Ricachenevsky – Cientista
Andréa compartilha suas novas experiências como mãe em seu blog BADPARENTING – diário de uma mãe paranóica, conheça aqui
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