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Por Fabiana Fagundes Barasuol, Psicanalista e Especialista em Neuropsicologia Clínica
O amor é um dos sentimentos mais complexos que experimentamos ao longo da vida. Na psicanálise, ele é compreendido como um fenômeno que vai muito além do consciente, sendo influenciado por experiências infantis e mecanismos psíquicos que moldam nossos vínculos afetivos.
O amor na visão de Freud
Sigmund Freud descreveu o amor como um jogo entre pulsões sexuais (Eros) e pulsões de apego. Segundo ele, nossas escolhas amorosas são diretamente impactadas pelas primeiras relações que tivemos na infância, principalmente com nossos pais ou cuidadores.
Tipos de escolha amorosa:
- Narcísica: Amamos quem reflete o que somos ou gostaríamos de ser.
- Anaclítica (ou por Apoio): Escolhemos parceiros que nos remetem às figuras parentais.
Freud também introduziu o conceito de transferência, no qual repetimos padrões emocionais da infância em nossos relacionamentos.
Lacan e o amor como falta
Jacques Lacan trouxe uma nova perspectiva ao afirmar que o amor nasce do desejo e da falta. Para ele, buscamos no outro algo que sentimos que nos falta, mas esse desejo nunca é plenamente satisfeito.
Destaques da teoria de Lacan:
- O amor é uma tentativa de preencher um vazio simbólico.
- O desejo é sempre inatingível, pois está ligado ao que nunca teremos completamente.
- O amor verdadeiro reconhece a individualidade do outro, enquanto o amor imaginário é apenas um reflexo do nosso próprio desejo.
Repetição nos relacionamentos
A psicanálise também explica como repetimos padrões inconscientes nos relacionamentos. Freud chamou isso de “compulsão à repetição”, ou seja, a tendência de reviver dinâmicas passadas, mesmo quando são prejudiciais.
Exemplo: Alguém que teve uma relação distante com os pais pode buscar parceiros que reproduzam essa mesma distância emocional, sem perceber que está repetindo um padrão.
O papel do inconsciente no amor
Muitas vezes, escolhemos nossos parceiros não apenas por afinidade consciente, mas por desejos inconscientes. Esses desejos estão ligados a:
- Idealizações e projeções sobre o outro.
- Defesas psíquicas, como evitar a intimidade real por medo da rejeição.
- Transferência de sentimentos de experiências passadas para o relacionamento atual.
Na psicanálise, o amor é um campo vasto e complexo, onde desejo, transferência, idealizações e padrões inconscientes interagem. Compreender essas dinâmicas pode ajudar a construir relações mais saudáveis e autênticas, baseadas no reconhecimento do outro como ele realmente é.
Fabiana Fagundes Barasuol | @fabianafagundesbarasuol
MSc. Doutoranda (EUA); Neuropsicopedagoga Clínica, Institucional e Hospitalar SBNPp 13200; Psicanalista CBO 2394-25; Graduanda em Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional; Especialista em Neuropsicologia Clínica; Certificada em Transtornos do Neurodesenvolvimento – Certificação Thiago Castro; Especialista em Psicanálise Clínica e Avançada; Especialista em TGD/TEA e Altas Habilidades; Especialista em ABA – Análise do Comportamento Aplicada; Especialista em Distúrbios da Fala e da Linguagem, TDAH, Dislexia, Discalculia, Disortografia, Grafomotricidade, Psicomotricidade e Neuropsicomotricidade; e Pesquisadora e autora.
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