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O “X” do shortinho!

comportamento, ciclo de vida, ética, moralidade, ordem, cultura, gênero.

comportamento, ciclo de vida, ética, moralidade, ordem, cultura, gênero. Após inúmeras discussões sobre o manifesto das meninas do colégio Anchieta na Capital do Estado, proponho uma reflexão acerca de moda, comportamento, ciclo de vida, ética, moralidade, ordem, cultura e gênero.

Li e ouvi várias opiniões sobre esse tema desde a sua aparição na TV. Percebo que algumas manifestações conseguiram ser até agressivas. Por essa razão sempre me refiro à reflexão como melhor forma de expressão e resolução de conflitos, ainda que não seja uma tarefa fácil.

Certamente estamos vivendo um momento social delicado no âmbito moral. Me refiro ao abuso constante que nós, Brasileiros, sofremos com governantes tão ineficientes, com uma justiça morosa e tendenciosa. Assim, o apelo do “shortinho” pode ser entendido de muitas maneiras.

Pergunto-me, porque o grito adolescente de garotas imaturas ecoa com tanto fervor pelos quatro ventos? Isso está mexendo com quais entranhas da sociedade?

Obviamente que uma instituição de ensino pode e deve ter regras que devem ser cumpridas por seus usuários. Somos livres para escolher os grupos que queremos participar, escola, partido politico, religião, profissão, etc. Regras podem ser questionadas, mas servem para ser cumpridas. Adolescentes são questionadores, por seu momento no ciclo de vida, não se faz necessário ceder a todos os seus questionamentos e desejos. Sua autonomia é formada e fortalecida a partir de suas discussões, não do quando os adultos os obedecem. Por isso não é necessário enraivecer-se com o posicionamento das adolescentes; frustrá-las no seu desejo será de grande crescimento para sua formação. Esse não me parece ser o maior drama, a menos que os adultos envolvidos não consigam dizer um “não” para estas jovens.

Não vejo sentido em desobedecer, em dar aos adolescentes mais poderes do que realmente eles deveriam ter. Não vejo crescimento onde não é necessário tolerar frustrações, transpor obstáculos, fazer força. Então, do ponto de vista da instituição de ensino, é absolutamente correto e rico para a formação dos cidadãos, cobrar que suas normas sejam cumpridas. Não há necessidades de regras, se elas podem ser burladas. A isso me refiro quando falo da crise moral no país.

Entretanto, há outro aspecto que deve ser considerado nessa discussão. O bom senso de se olhar por todos os vieses desse tema.  Ver jovens mulheres se posicionando sobre a coisificação de seus corpos, merece um olhar.

Do ponto de vista de que existe uma culpa em sofrer preconceito conforme sua roupa ou a forma como mostram seu corpo e o quanto isso a torna disponível, isso sim, precisa ser discutido.

As meninas precisam se cobrir, mas os rapazes podem tocar, falar e abusar? Eduquemos nossos filhos (independente do gênero) sobre admirar a mulher sem ofender ou sem julgar quem é desfrutável conforme sua aparência. Esse é um tema que poderia ser abordado nas salas de aula, na família. Não é preciso andar nua para fazer essa discussão, do mesmo modo que não é preciso culpar quem levanta essa discussão.

O tema da erotização precoce, do machismo, da ofensa sexual, da inversão de valores entre essência e aparência pode ser abordado por todas as escolas, não em defesa de um short, da superexposição do corpo, mas em defesa do pensar, do mergulhar em ideias, no intelectual, na ordem e disciplina, no equilíbrio, na ponderação, no bom senso.

Não vejo sentido em apenas criticar a escola, as alunas, os meios de comunicação que distorcem informações ou nos pais que podem se atrapalhar. Só vejo sentido nos fatos, se eles puderem ser usados para transformar experiências desastrosas em crescimento e resiliência.

Viviana Martini Dias – Psicóloga, sexóloga, terapeuta de casais e família.