“Desejo que você tenha a quem amar, e quando estiver bem cansado, ainda exista amor pra recomeçar, pra recomeçar” – Frejat
Quando falamos no relacionamento conjugal, quando perguntamos aos casais se eles se dão bem, é muito comum ouvir: – é claro que a gente briga… Mas quem não briga? Sim, realmente todos os casais brigam. Isso não é exatamente um problema. A questão é: como brigam? Porque brigam? Qual o resultado das brigas?
Devemos ter em mente que uma parceria conjugal é uma escolha, de ambas as partes. Ninguém é obrigado a se casar. Ninguém deve ser obrigado a viver junto com outra pessoa. Também é uma questão de escolha a forma como vamos lidar com as situações desagradáveis. Podemos ser mais ou menos assertivos. Mais ou menos agressivos. Mais ou menos passivos. E colher os resultados dessa decisão. As discussões não têm uma causa. Elas costumam ter fatores desencadeadores de um mal estar e isso levará as brigas. Sem uma profunda reflexão e mudança de atitude diante dos fatos e de si mesmo perante a vida e perante as crises, dificilmente se chegará a uma solução.
Não existe o certo e o errado na relação. Existem duas pessoas com histórias e aprendizados familiares diferentes que formam um novo núcleo familiar e tentam fazer acordos para se manterem unidos e confortáveis. Após a reflexão e a tomada de decisão de mudança de atitudes, contamos com possíveis recaídas. As mudanças não são botões de liga/desliga. Para iniciar uma briga devemos conhecer a nós mesmos, nossas necessidades e em busca de quê estamos indo. Brigar apenas para descarregar tensões é uma forma estéril de resolver coisas. Algumas pessoas tem o chamado gênio forte que nada mais é que certa inabilidade em lidar com a própria raiva, isso não pode ser uma desculpa para o descontrole. Para tanto, se faz necessário aprender a se expressar sem agressões físicas ou verbais, sem ofensas, sem violência. O resíduo dessas atitudes descontroladas é uma sensação de rejeição e abandono, difícil de lidar.
Agora vamos para a briga propriamente dita:
As brigas são uma forma de resolver conflitos, confusões, limites; elas ajudam o casal a se conhecer melhor e definir espaços na relação. Brigar o tempo todo denota constante insatisfação, assim como evitar brigar o tempo todo pode indicar acomodação, desinteresse em melhorar, falta de intimidade. Quando alguém inicia uma discussão é importante estar atento às defesas como: não deixar a outra pessoa falar, dar desculpas para não tentar mudar, justificar seu comportamento em cima do comportamento do outro. Dessa maneira nada será ajustado. Uma querida autora Psicóloga de Curitiba – PR explica que uma boa briga se dá quando são obedecidas algumas regras capazes de não destruir a relação, mas sim, fortalece-la. Eis alguns itens importantes:
– Não perguntar “por quê?”, pois isso sugere acusação, censura. Dessa forma o interlocutor terá mais resistência em ouvir.
– Respeitar um assunto para discutir. Por isso é tão importante saber por qual motivo irá iniciar uma briga. Se a pessoa não tem um motivo, não deverá iniciar. Do mesmo modo, se fugir do assunto, não trará solução.
– Não ressuscitar assuntos do passado ajuda a manter o foco. O que se está discutindo é um tema atual. Brigar pelo passado tornam as brigas repetitivas e cansativas, mas principalmente improdutivas.
– Não insultar, não desqualificar, não ofender o ser humano que está em sua frente. Essa atitude desperta sentimentos destrutivos como a raiva e servirá para alicerçar novas brigas inúteis. Então a regra é dosar as palavras e usá-las corretamente.
– Falar em como se sente com a atitude do outro ao invés de acusar o outro.
– Não generalizar os fatos e atitudes também ajuda a ter clareza das palavras. Ou seja, deixar de usar “você sempre”, “você nunca”.
– Tentar manter um clima de paz nas brigas é o mesmo que falar em tom de voz adequado e explicativo.
– Pontuar o que ambos aprenderam com essa discussão pode ser uma forma de encerrar também de maneira pacífica.
Devemos lembrar que uma terapia de casal sempre ajuda a criar e fortalecer novos hábitos. Um casal que aprende a discutir ensinará seus filhos a se relacionarem também dessa maneira pacífica e assertiva dentro e fora do ambiente familiar. Todos saem ganhando. Descobrimos que a harmonia é possível nas diferenças.
Viviane Dias – Psicóloga
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