Já temos um cenário bem comum. A criança dá trabalho, questiona bastante, viaja nas suas brincadeiras e se desliga da realidade. Os pais sentem-se irritados e a levam ao médico. O diagnóstico? Seu filho sofre de déficit de atenção ou TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) A solução? Fazer o uso da: ritalina.
O medicamento, por ser uma droga, possui diversos efeitos colaterais, como aperto no peito, dor de cabeça, taquicardia, boca seca, ansiedade, entre outros. Ela pode causar surtos psicóticos ou crises de ansiedade/pânico. A chamada droga da obediência segundo a psicóloga Franciele Rocha, geralmente é indicada pelos médicos na tentativa de aliviar esses sintomas de inquietude e falta de concentração. “Não se pode generalizar, mas o que se percebe pelas pesquisas é que cada dia mais o medicamento se torna uma solução imediatista”, revela.
Infelizmente, o Brasil é o 2º maior consumidor de Ritalina. Este medicamento demora cerca de 1 hora para fazer efeito e atua por 4 horas, em média. Não há perspectiva de melhora (apenas com o remédio) se não for feito acompanhamento psicopedagógico e reeducação de hábitos. Conforme a psicóloga, existe uma tendência de formar um conceito sobre o que seria a normalidade. “Desta forma chegaremos à conclusão de que todos nós precisamos de algum medicamento, pois não somos normais, mas sim únicos e diversos. Vivemos em uma sociedade de dependentes químicos. É muito importante se dar conta disso e fazer uso de medicamentos apenas em casos essenciais. Precisamos nos desintoxicar”, enfatiza Franciele.
Muitas vezes o que a criança necessita é de uma atenção especializada, carinho, dedicação e amor. “Como iremos prestar atenção se nunca nos prestaram atenção? É um questionamento que tenho feito a mim mesma. Deve ser feito um diagnóstico diferenciado, que perceba a criança em todos os seus contextos: familiar, escolar, social, existencial e biológico”, alerta a psicóloga.
O uso da ritalina reflete muito mais um problema cultural e social do que médico. A vida contemporânea, que envolve os pais num dia a dia carregado de exigências profissionais, sociais e financeiras, não deixa espaço para a livre manifestação das crianças. É preciso pensar de maneira responsável e carinhosa as decisões relativas às nossas crianças.
Franciele Mirian da Rocha – Psicóloga
Pós-graduada em Serviço Social e Gestão de Projetos Sociais pela Anhanguera – Uniderp.
Mestranda em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social – UNICRUZ
Adicione Comentário